sexta-feira, 27 de abril de 2012

Presidente interino e primeiro-ministro foram libertados

O Presidente interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, ambos detidos desde o golpe de Estado de 12 de Abril, foram hoje libertados, disse à Lusa um familiar do chefe do Governo. Dezenas de pessoas estão concentradas em Bissau na sede do PAIGC, no poder até dia 12, a festejar estas libertações. 

Fontes militares já tinham avançado à Lusa que o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e o Presidente interino, Raimundo Pereira, detidos no dia 12 de Abril, na sequência do golpe militar na Guiné-Bissau, partiram hoje no mesmo avião que trouxe ao país os elementos do Comando Militar que participaram quinta-feira numa cimeira extraordinária da CEDEAO.

"O meu tio saiu. Sei que ele foi no mesmo avião com aquele grupo da CEDEAO. É um sentimento indescritível", disse Fátima da Velha, que dançava e cantava em frente da sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), partido no poder até ao golpe do dia 12, de que Carlos Gomes Júnior é líder.

De acordo com informação colocada hoje pelo jornalista guineeense António Aly Silva no seu blogue, "Carlos Gomes e Raimundo Pereira foram libertados e seguiram com a delegação da CEDEAO para Abidjan, na Costa do Marfim".

No entanto, numa conferência de imprensa realizada hoje em Bissau, questionado pela Lusa, o porta-voz do Comando Militar, Daba Na Walna, disse que não confirmava a libertação de Carlos Gomes Júnior e de Raimundo Pereira. "Não confirmo, não sei nada disso", disse, acrescentando: "só sei que estão detidos" e que, como tal, continuam na Guiné-Bissau.

O avião que partiu hoje ao fim do dia transporta os chefes das forças armadas da Nigéria, Senegal e Costa do Marfim, que estiveram reunidos durante o dia com o Comando Militar, e que vão participar na força da África Ocidental prevista para a Guiné-Bissau.

Guiné-Bissau: Comando Militar proíbe exportação clandestina do caju

O Comando Militar que tomou o poder no dia 12 de Abril na Guiné-Bissau proibiu esta sexta-feira a exportação clandestina do caju e avisa que os prevaricadores verão os seus bens confiscados a favor do Estado.

Num comunicado divulgado esta sexta-feira em Bissau, o Comando Militar, que tomou o poder pela força das armas no dia 12 e prendeu o Presidente interino e o primeiro-ministro, diz que a proibição é a resposta "a uma preocupação manifestada esta sexta-feira pelos operadores económicos do sector do caju".

O caju é a principal exportação da Guiné-Bissau e a sua quase única fonte de rendimentos. O Comando Militar "determina a partir de hoje a proibição da exportação clandestina da castanha do caju, por via terrestre bem como por via marítima", diz o comunicado.

"O Comando Militar proíbe igualmente a exportação temporária do arroz via terrestre, até novas orientações nesse sentido", diz o comunicado, frisando que a proibição resulta de um encontro realizado hoje no Estado Maior das Forças Armadas entre os militares golpistas os operadores económicos, "por iniciativa destes".

O Comando Militar tem agora 72 horas para cumprir as exigências da comunidade de estados oeste africana.

Os chefes de Estado da África Ocidental decidiram o envio de um contingente militar para a Guiné-Bissau e um ultimato de 72 horas aos golpistas para se submeterem às exigências feitas, sob pena de sanções, noticia a AFP.

Ao abrir a cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, exigiu que os responsáveis pelo golpe de Estado, realizado no dia 12 de Abril, se «retirem» para que se possa avançar «rapidamente» com a transição.

No comunicado final da reunião, os dirigentes da CEDEAO solicitam à Comissão da CEDEAO que prepare, «com feito imediato, um contingente» da força militar regional para ser enviada para a Guiné-Bissau. Os 500 a 600 homens do contingente serão fornecidos por pelo menos quatro países, a Nigéria, o Togo, a Costa do Marfim e o Senegal.

Garantem ainda que se o Comando Militar (a junta) não se submeter às exigências, «nas próximas 72 horas», a Comunidade «imporá com efeito imediato sanções dirigidas aos membros do Comando Militar e seus colaboradores, bem como sanções diplomáticas, económicas e financeiras à Guiné-Bissau, sem excluir processos no TPI» (Tribunal Penal Internacional).

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Primeiro-ministro guineense foi obrigado a comprometer angolanos

O primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, foi obrigado pelos militares golpistas a assinar a carta que, posteriormente, apresentaram como prova de existência de um ‘acordo secreto’ entre os governos de Angola e Guiné-Bissau.

Na versão original, com data de 12 de Abril, o mesmo dia em que foi o dirigente político foi detido, apenas constava o seu nome, sem qualquer assinatura no esboço do documento que iria ser enviado ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, ao presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e às chefias militares guineenses.

O líder angolano recebeu o documento das mãos do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Jorge Chicoty, e o assessor jurídico de Carlos Gomes Júnior confirmou ter entregado o documento a uma alta patente militar de Bissau, sem revelar a sua identidade.

Três dias depois da detenção de Carlos Gomes Júnior, o auto-intitulado comando militar apresentou à imprensa a tal carta, mas já com a assinatura e o selo branco do seu gabinete. Na missiva, era possível ver uma observação do primeiro-ministro detido, indicando ao seu chefe de gabinete, Lineu Tolentino, que pusesse o selo branco no documento.

Apesar desta ‘oficialização’ da carta a Ban Ki-moon, o seu conteúdo faz cair por terra o argumento de acordo secreto entre os governos de Angola e Guiné-Bissau. Carlos Gomes Júnior explica ao secretário-geral das Nações Unidas que a recusa de cinco candidatos em aceitar o resultado das eleições pode ajudar a causar instabilidade no país.

Gomes Júnior explicou a Ban Ki-moon que Angola decidiu pôr fim à sua missão técnico-militar (MISSANG) em Bissau, algo que iria agravar ainda mais a frágil situação do seu país. Em consequência, pedia o envio de uma força de interposição, que integrasse Brasil, Angola, Gana e países da Comunidade Económica de Desenvolvimento da África Ocidental (CEDAO). Nenhum sinal da acusação feita pelos militares e que esteve na origem do golpe de Estado.

domingo, 22 de abril de 2012

Movimentos civis querem que PAIGC fale com militares

Em busca de uma saída para a crise na Guiné Bissau, depois do golpe de Estado, representantes de mais de 100 organizações da sociedade civil guineense pediram ao PAIGC, o maior partido do país, para participar nas conversações com os militares revoltosos.

A reunião decorreu este domingo no Parlamento guineense.
Entretanto, o Governo português continua a seguir a "par e passo" a situação política na Guiné Bissau, disse hoje o ministro da Defesa. Se for necessária uma operação de evacuação, as tropas portuguesas estão preparadas, assegurou ainda Aguiar-Branco.

Comando Militar rejeita vinda de tropas


O Comando Militar deu hoje uma conferência de imprensa para responder a ameaça por parte de Angola do envio de uma força de interposição sob a égide das Nações Unidas, e disse que qualquer contingente militar estrangeiro será recebido como força de ocupação.

O porta-voz dos militares o Tenente-Coronel, Daba Na Walna adiantou que o país não está em guerra, e que não se justifica o envio de uma força estrangeira “seja de interposição como de manutenção da paz” para a Guiné-Bissau. Uma força com o mandato das Nações Unidas.

O Conselho de Segurança da ONU que esteve reunido ontem a tarde para debater a situação político-militar em Bissau deverá concluir rapidamente no prazo de uma semana, o envio de uma força multinacional para a Guiné-Bissau.

A garantia é da embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luíza Ribeiro Viotti.

A embaixadora brasileira na ONU, Maria Luíza Ribeiro Viotti preside o Grupo de Contacto para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, disse que o pedido do envio da força de interposição foi formulado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Bissau-guineense Dialó Pires coadjuvado pelos homólogos de Angola e de Portugal em nome da CPLP.

Guiné-Bissau: Apelo ao PAIGC para ajudar a negociar saída crise

Elementos que representam mais de cem organizações da sociedade civil, que este domingo reuniram-se no Parlamento da Guiné-Bissau, apelaram ao PAIGC, maior partido do país, para participar nas conversações com militares de modo a ultrapassar a crise política.

Os apelos foram feitos à saída de uma série de reuniões que estão a decorrer no Parlamento guineense para tentar encontrar uma saída para a crise criada com o golpe de Estado. Em nome do Movimento da Sociedade Civil (plataforma que junta mais de 100 organizações), Filomeno Cabral disse aos jornalistas que "sem o PAIGC será impossível encontrar-se uma saída à crise" existente.

"Condenamos o golpe, apelamos o regresso à normalidade democrática e constitucional através do Parlamento e da devolução do poder ao PAIGC", disse Filomeno Cabral, salientando que esta é o posicionamento das organizações da sociedade civil.

O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) recusa-se a participar nas reuniões com os militares autores do golpe de Estado alegando que só aceita dialogar após a libertação do seu líder e primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, bem como Raimundo Pereira, Presidente interino do país, ambos detidos, em parte incerta, pelos militares.

De acordo com este activista, o Movimento da Sociedade Civil vai procurar "fazer a ponte" entre o PAIGC e os autores do golpe no sentido de convencer o partido de Carlos Gomes Júnior a aceitar vir para as conversações.

"A sociedade civil vai fazer a ponte e chamar o PAIGC à razão para vir à mesa das negociações, para que possa colocar as suas condições, isto é, a exigência de libertação dos seus líderes. Será necessária a presença do PAIGC nas negociações para a saída desta crise", observou Filomeno Cabral.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Serifo Nhamadjo saltou em poucos meses do anonimato para a Presidência da Guiné-Bissau

O novo Presidente da República interino da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, indicado após o golpe de Estado de 12 de Abril, era um dos políticos menos conhecidos do país até desafiar o seu partido nas presidenciais que acabou por perder

Discreto e por vezes parecendo tímido, Manuel Serifo Nhamadjo, que desempenhava o cargo de vice-presidente da Assembleia Popular Nacional, era conhecido sobretudo pelos amantes do futebol por ter sido presidente de dois clubes, o Benfica de Bissau e o Desportivo de Mansaba, e ainda por ter passado pelo cargo de dirigente da federação de futebol. 

Na política, porém, apesar de ser membro e dirigente do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, no poder) desde tenra idade, muitos guineenses desconhecem que Serifo Nhamadjo é deputado desde a primeira  vez que se realizaram eleições multipartidárias no país, em 1994. 

Foi sempre eleito deputado pelo PAIGC, partido com o qual se incompatibilizou, ao ponto de se ter apresentado como candidato independente às presidenciais de 18 de Março por discordar da forma como Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro e líder do partido, foi escolhido para ser o candidato oficial. 

"O método não foi nem justo nem transparente, por isso decidi apresentar-me directamente ao povo guineense para que diga quem pode ser o melhor Presidente  para o país", argumentava no dia em que anunciou a sua candidatura. 

Passada a primeira volta das presidenciais, perdeu a aposta. Carlos Gomes Júnior ganhou a votação, o líder do PRS, Kumba Ialá, ficou em segundo e Serifo Nhamadjo em terceiro, com 15 por cento. 

Após terem sido conhecidos os resultados eleitorais, com outros quatro candidatos derrotados, incluindo Kumba Ialá, contestou o escrutínio alegando fraude eleitoral.  

O golpe de Estado realizado no passado 12 de Abril voltou a colocá-lo na rota do poder, tendo sido hoje indicado para o cargo de Presidente da República interino, cargo anteriormente ocupado por Raimundo Pereira, que se encontra detido, tal como Carlos Gomes Júnior. 

Com fama de dialogante, Serifo Nhamadjo, que completou 54 anos no dia 25 de Março, elegeu "o combate aos males" que enfermam a sociedade guineense como o seu principal adversário se vencesse o escrutínio de 18 de Março.

Nhamadjo assume-se como o herdeiro legítimo do legado político do Presidente guineense Malam Bacai Sanhá, falecido em finais de Dezembro, de quem diz pretender prosseguir a senda da pacificação e da reconciliação. Aliás, até  ao golpe, ele também era o presidente executivo da comissão da reconciliação  nacional, um processo que fora patrocinado por Bacai Sanhá. 

De etnia Fula, Manuel Serifo Nhamadjo é formado em contabilidade e análise  em Lisboa. Foi até há poucos dias presidente interino do Parlamento guineense, substituindo o agora detido Raimundo Pereira. 

O seu currículo diz que fala e escreve o português (muito bem), o francês  e o inglês dentro de um nível do quadro europeu de referência (Cecr). 

Homem de poucas falas, Nhamadjo, de confissão muçulmana, casado e pai  de cinco filhos, destacou-se também por ter sido dos primeiros quadros do  país a constituir uma empresa privada de construção civil, o "Nô kumpu"  que em português significa (construamos). 

A empresa ainda fez algumas obras públicas no país, mas deixou de existir há muitos anos. 
Lusa

Sanções contra golpistas guineenses, pede Paulo Portas

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, defendeu hoje no Conselho de Segurança o envio de uma força internacional de estabilização para a Guiné-Bissau, com mandato da ONU, e sanções para os autores políticos e militares do golpe de Estado.

Numa intervenção na reunião em curso no Conselho de Segurança sobre a Guiné-Bissau, o ministro concluiu falando em português, "para ser claramente entendido em Bissau", sublinhando que "a comunidade internacional "fala a uma só voz ao condenar veementemente o golpe executado por alguns militares" no passado 12 de abril.

"A solução para esta crise passa, incondicionalmente, pela libertação dos responsáveis políticos ilegalmente detidos, pela plena reposição da ordem constitucional, e pela conclusão do processo eleitoral internacionalmente reconhecido como transparente e livre", afirmou.

"Aqueles que persistirem na execução de acções inconstitucionais, bem  como aqueles que activamente os apoiarem, serão alvo de medidas restritivas  e deverão ser responsabilizados", adiantou. 
 
Portas recorreu ao crioulo "Nó i'stamus djuntus", para sublinhar a unidade internacional em torno da Guiné-Bissau. 
 
Entre os meios ao dispor da ONU, Portas defendeu o estabelecimento de uma missão de estabilização mandatada pelas Nações Unidas, com contingentes militares de países da CPLP, CEDEAO e União Africana, e também "medidas restritivas" contra os autores do golpe, como a "interdição de viagens e congelamento de bens". 
 
"No entanto, saberemos distinguir entre os que persistem na ilegalidade e os que se arrependem", afirmou. 
 
"A União Europeia, para além de suspender a cooperação com a Guiné-Bissau, está pronta a aplicar sanções àqueles que continuam a obstruir a paz, a segurança e o normal funcionamento das instituições constitucionais. Apelamos a este Conselho para que considere medidas similares", disse o ministro.

(Com Expresso)

Diadtura do Consenso noticia

ULTIMA HORA: Serifo Nhamadjo foi designado pelo Comando Militar para Presidente da Republica de Transicao, e Sory Djalo (PRS) sera o presidente do Conselho Nacional de Transicao. AAS

Guiné-Bissau: Governo de transição será técnico e não político - Comando Militar

Bissau, 19 Abr (Lusa) - O Comando Militar que tomou o poder na Guiné-Bissau diz que o Governo de transição será mais técnico e menos político e aberto ao maior partido (PAIGC), para "arrumar o país" em dois anos, a começar pelas Forças Armadas.

Em entrevista à Lusa em Bissau, Daba Na Walna, porta-voz do Comando Militar das Forças Armadas, diz que vai propor os nomes dos vice-presidentes da Assembleia Nacional Popular (Serifo Nhamadjo e Sori Djaló) para cargos de condução do governo de transição, após o golpe de Estado 12 de abril, e justifica o motivo para dois anos de transição com uma questão de disciplina nas forças armadas.

Faz também um balanço do estado das Forças Armadas da Guiné-Bissau, lamenta situações de pânico e admite que tenham havido excessos dos militares, quando do golpe, nomeadamente o roubo de bens pessoais de políticos guineenses. "Ouvi falar (das pilhagens), é natural que numa situação destas e com as Forças Armadas que temos, que não têm disciplina militar - eu costumo dizer, isto aqui é um 'bando armado' - é um perigo com que estamos a lidar, tem de haver regulamento da disciplina militar. É por isso que pedimos uma transição de dois anos, para que se faça o trabalho de casa", diz.

Guiné Bissau na mira da ONU

Além da exigência de libertação dos líderes políticos detidos, o Conselho de Segurança da ONU poderá propor hoje o envio de uma força multinacional e sanções internacionais aos autores do golpe de Estado.

O Conselho de Segurança da ONU deverá tomar hoje novamente posição sobre a crise na Guiné-Bissau, após uma reunião pedida por Portugal, em que participam os ministros dos Negócios Estrangeiros português, angolano, guineense e o representante da ONU em Bissau.

Segundo fonte diplomática portuguesa, o Conselho de Segurança ouvirá um briefing  pelo representante especial Joseph Mutaboba, além dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau e de Angola, em nome da presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Após intervenção do chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Portas, e em nome da comunidade regional (CEDEAO), haverá consultas, após as quais está prevista a adoção de uma declaração presidencial, que está a circular entre os 15 países-membros do Conselho, havendo “perspetiva de que pode ser adotada”, disse a mesma fonte.

A mesma fonte não quis adiantar pormenores sobre o teor da declaração até que seja oficialmente circulada, apenas referindo que irá reforçar o apelo ao retorno da ordem constitucional ao país.
Envio de força multinacional e sanções internacionais

Segundo outra fonte diplomática na ONU, além dos elementos já contidos na anterior declaração do Conselho de Segurança, que incluem também a exigência de libertação dos líderes políticos detidos, deverão ser incluídos como elementos novos o possível envio de uma força multinacional e sanções internacionais aos autores do golpe de Estado.

A concretização destas “ameaças” teria de ter a força de uma resolução, mas, de acordo com a mesma fonte, a necessidade desta deverá ficar mais clara apenas durante as consultas de quinta-feira.

O pedido das autoridades guineenses para o envio da força, assinado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, já está com o Conselho de Segurança e o secretário-geral da ONU, enquanto se vai somando o número de países disponíveis para contribuir, que deverão vir sobretudo do bloco CPLP e CEDEAO.

As últimas decisões do comando militar são vistas na ONU como uma tentativa de “legitimar, consolidar o poder, pelo menos no curto prazo”, enquanto se procura chegar a um Governo de transição, referiu a mesma fonte.

Isto mesmo foi expresso na segunda-feira pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que disse estar “seriamente preocupado” por os líderes do golpe de Estado estarem a ignorar os apelos da comunidade internacional e a “agravarem” a crise política com o anúncio de planos para criação de um Governo de transição nacional.

(Com Expresso)

Jornalista Nélio Santos e operador de imagem da TCV sofrem acidente na Guiné-Bissau

(In "A Nação")



O jornalista da Rádio de Cabo Verde – RCV e colaborador do jornal A NAÇÃO, Nélio dos Santos e o operador de imagem da Televisão de Cabo Verde, TCV, Carlos Cardoso, "Cadji", sofreram um acidente de viação, a 20 quilómetros de Bissau, onde se dirigiam, desde Ziguinchor, Senegal, em missão de serviço, para cobrir a crise político-militar que se regista neste momento naquele país lusófono.



Nélio dos Santos e o colega Cadji, que estão fora de perigo, saíram de Cabo Verde na terça-feira, 17, via Dakar, de onde seguiram de avião até Ziguinchor, principal cidade da Casamança, no Senegal, que faz fronteira com a Guiné-Bissau. A equipa da RTC foi obrigada a fazer este percurso por causa da situação que se vive em Bissau na sequência do golpe militar, que originou o fecho do aeroporto.



Entretanto, o irmão do jornalista Nélio Santos, Emanuel dos Santos, que foi recolher a equipa da RTC em Ziguinchor, morreu na sequência do acidente. De acordo com informações "Cadji" e Nélio Dos Santos sofreram apenas algumas escoriações e se encontram fora de perigo.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Carta Aberta à CPLP de Apoio à Guiné-Bissau

Decorre na net uma petição a favor da Guiné Bissau, intitulada:

«Carta Aberta à CPLP de Apoio à Guiné-Bissau»

Se pretende dar a sua contribuição pela causa da Guiné Bissau, acompanhe o link em baixo e assine a petição on line.

Faça a sua parte!

Guiné-Bissau arrisca tornar-se um "Estado falhado"

Ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, admite "situações de violência descontrolada" na Guiné-Bissau se o desenvolvimento da crise não for bem controlado pela comunidade internacional

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, disse hoje que a Guiné-Bissau se pode tornar num "Estado falhado" e admitiu "situações de violência descontrolada" num país que conhece uma "situação de risco".

"Se eventualmente o desenvolvimento desta crise não for bem controlado pela comunidade internacional - em particular as Nações Unidas mas também a União Africana (UA) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com o apoio necessário da CPLP, dadas as posições que alguns Estados da CPLP têm assumido relativamente à crise na Guiné-Bissau - parece-me óbvio que a Guiné-Bissau terá uma fase profundamente destrutiva e será seguramente um Estado falhado", considerou Amado em declarações no programa Pares da República da rádio "TSF", onde mantém uma colaboração regular.

Após sublinhar que não define atualmente a Guiné-Bissau como um Estado falhado "se tivermos em consideração o esforço muito grande que foi feito pelo anterior governo no sentido de normalizar a vida institucional depois de uma deriva muito negativa do processo na Guiné-Bissau nos últimos anos", o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros destacou o facto de o país estar a "recuperar a sua imagem de credibilidade internacional", através de um "perdão da dívida" ou de "avaliações muito positivas" do Banco Mundial e do FMI.

No entanto, Luís Amado não deixou de se referir ao "problema que subsiste" no país da África ocidental.

População guineense continua "refém" da estrutura militar

"É o problema de uma estrutura militar da qual a população e a sociedade guineense continuam a ser refém, que não tem outro objetivo que não seja continuar a exercer o poder à margem das regras fundamentais pelas quais se rege um Estado normal na comunidade internacional", sublinhou.

E precisou: "É essa a situação de risco que o país hoje conhece. Admito, e quando esta estrutura militar se colocou numa posição tão radical e tão extremista em relação ao processo político democrático da Guiné-Bissau, que o pior possa vir a acontecer e que possamos ter situações de violência descontrolada que afetarão seguramente a imagem internacional da Guiné-Bissau".

As declarações de Luís Amado foram emitidas antes do anúncio do acordo assinado hoje em Bissau entre os partidos da oposição guineense e o Comando Militar que protagonizou o golpe de Estado, que dissolve o parlamento e cria um Conselho de Transição para marcar eleições num prazo de dois anos.
(Com Expresso)

Ditadura do Consenso apresenta a suposta carta enviada ao Secretario Geral da ONU

Quarta-feira, 18 de Abril de 2012

EXCLUSIVO DC: A carta de Carlos Gomes Jr a Ban Ki-Moon, e os bilhetes enviados da prisão a Carlos Pinto Pereira

A CÓPIA DA CARTA ENVIADA AO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU, BAN KI-MOON, E CUJO PORTADOR FOI GEORGES CHICOTI, MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DE ANGOLA

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OS BILHETES ENVIADOS DA PRISÃO: O PRIMEIRO TEM A DATA DE 13 DE ABRIL, E O OUTRO, ENVIADO DOIS DIAS DEPOIS, A 15.

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DR/DC/AAS

António Indjai dado como “lider de facto” do golpe militar na Guiné-Bissau

O Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas da Guiné Bissau é o nome dado como estando à frente do Golpe Militar na Guiné Bissau. A informação foi avançada ao i por fonte portuguesa.

A mesma fonte adianta que o Comando Militar, que se encontra no Forte de Amura, aceitou organizar um novo processo eleitoral sob a condição de que não haja tropas estrangeiras estacionadas em território guineense. Outra condição é a de que seja tornado público o documento que alegadamente comprova a autorização dada aos militares angolanos para usar a força contra as Forças Armadas da Guiné Bissau. 

Uma autorização alegadamente proveniente do governo de Carlos Gomes Jr., que esteve em funções até ao golpe militar desencadeado na última quinta-feira. Gomes Jr., recorde-se, foi o candidato mais votado na primeira volta das eleições presidenciais, conseguindo 49% dos votos, contra 23% de Kumba Ialá.

PAIGC diz aue Kumba Yala esta envolvido com os Militares

O Paigc, maior partido da Guiné Bissau e que se encontrava no poder, está claro que o lider da oposição e candidato a segunda volta as eleições presidenciais, Kumba Yala, tem envolvimento com o Comando Militar que pretogonizou o golpe do passado dia 12 de Abril.

Segundo as palavras do Secretario Nacional desse partido, Augusto Olivais, as declarações do presidente do PRS, às vésperas do inicio da campanha para a segunda volta, ditas "em claro e bom som" de que não havaria segunda volta, é mais do que ilucidativa do envolvimento desse partido.

Augusto Olivais, falava à imprensa e disse que quaisquer conversações seriam infrutíferas, sem o respeitos pela democracia, sem a libertação do candidato Carlos Gomes Junior e do ex presidente Interino Raimundo Pereira e a reposição de normas constitucinais.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Habitantes abandonam Bissau face aos receios de violência

O secretário-geral da ONU diz estar gravemente preocupado com a situação na Guiné Bissau e considera que os líderes do golpe de Estado estão a agravar a crise política no país. Os militares reuniram-se ontem com uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental que exigiu o regresso à ordem constitucional. Em Bissau, aumenta o receio de violência e muitos habitantes têm saído da capital.

Marcha de Guineenses na cidade da Praia

A comunidade guineense radicada na cidade da Praia, em Cabo Verde, vai organizar no dia 18 de Abril, uma marcha de solidariedade para com o povo da Guiné Bissau e de protesto pelas acções dos militares.

Segundo Fernanda Quaresma Pinto, da organização, os manifestantes vão concertar-se no largo do Estádio da Varzea, donde partirão em direcção à rotunda da Terra Branca, subindo depois a Achada de Santo António, para terminar junto ao edifício da representação das Nações Unidas.

No local os guineenses esperam entregar uma carta a representação em Cabo Verde, solicitando a mediação dessa instituição  junto aos militares revoltosos na Guiné Bissau.

O apelo para a participação massiva nesta marcha está a ser feito através de meios da comunicação social na capital caboverdiana, nomeadamente nas rádios e televisões, pelo que segundo as declarações de Fernanda Quaresma Pinto a espectativa é de boa adesão de guineenses.

Interrogada sobre outras acções a promover, a organização avança que de momento promovem somente a marcha, sem contudo descartar outras manifestações.

Entretanto em Portugal os guineenses estão preocupados com o que está a acontecer no seu país e ontem manifestaram-se contra o golpe de Estado. Cerca de 200 pessoas caminharam desde o Mosteiro dos Jerónimos até à Embaixada, no Restelo.


Mostraram cartazes nos quais expressavam não só a preocupação, mas também alguma revolta pela instabilidade política na Guiné-Bissau. Pediram paz e respeito pelo governo eleito pelo povo. Querem que os militares abandonem o poder.